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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Mauro, o juiz que tortura a justiça. Por Luís Felipe MIguel

Por Luís Felipe MIguel

PUBLICADO NO FACEBOOK DO AUTOR
Com um surto de inspiração, comecei a escrever um romance. Uma obra de ficção inspirada livremente em eventos reais, com personagens, situações e outros elementos adaptados para efeito dramático, como dizem por aí. Escrevi a seguinte cena:
“O juiz afrouxou o nó da gravata preta e pendurou o terno preto nas costas da cadeira. Chegava em casa cansado. O trabalho era sempre exaustivo: a Constituição não é um livro muito grosso, mas ainda assim é preciso força para rasgá-la, dia após dia. Passou pela cozinha gourmet em que servira bons vinhos a seu amigo, o popular filósofo Kalvo, e olhou para a mesinha com o telefone, que os brasileiros todos conheciam das fotos que sua esposa divulgava na sua página de Facebook, ‘Mauro com ele’. O sinal de novo recado piscava. O juiz suou frio – podiam ser novas instruções vindas de seus superiores nos Estados Unidos. Os recados eram em inglês, e como ele faria sem Joel Santana para ajudá-lo a traduzir? Ele não confiava em outras pessoas. Auxiliar, como ele gostava de dizer, ‘tem que ser um que a gente mate’. Intranquilo, precisando de algo que o animasse, ele foi até o armário dos fundos. Atrás de todas as caixas com as provas e evidências ignoradas, do velho processo do Bandestado até hoje, estava seu brinquedo favorito. Era um bonequinho de vodu representando uma mulher de olhos vendados segurando uma espada numa mão e uma balança na outra. Uma alfinetada na presunção de inocência, outra no amplo direito de defesa, uma terceira no respeito ao sigilo telefônico… As paredes do apartamento tremiam com as gargalhadas do juiz Mauro, enquanto ele torturava a justiça.”
Só escrevi este parágrafo, mas acho que já me credencio para ganhar o Nobel de Literatura. Uma dobradinha brasileira com Lula no Nobel da Paz, já pensaram?
Fonte: Diário do Centro do Mundo - DCM

África Negra na obra de Cheikh Anta Diop



A realidade vivida pelos povos da África Negra durante o período colonial, bem como, apósas chamadas independências da grande maioria dos países que compõem a África Negra, provocou dentre os próprios africanos diversos sentimentos


No pensamento de Cheikh Anta Diop, podemos dizer que as independências poderiam favorecer uma configuração prejudicial para a África Negra, no sentido que não se livrariam de um contexto geográfico e geopolítico que precisaria ser mudado com certa urgência. É neste sentido que nasce o projeto de criação um Estado Federal da África Negra, no qual se percebe respostas a fatos históricos desta parte do planeta negados pelo Ocidente. É justamente a partir de tal restauração dos fatos que Diop apresenta, não só as razões para a unidade da África Negra, como também os caminhos para sua realização. Na primeira parte do trabalho, procurou-se expor as razões para a criação do Estado Federal da África Negra e, na segunda, falar da atualidade do pensamento de Cheikh Anta Diop, considerando a África Negra nos dias de hoje. 



O sistema de exploração e opressão colonial entra em período áureo central à volta dos anos 1920 e 1950, depois de reprimidas as resistências internas de cada país africano e uma vez terminadas as invasões em todo continente. Este é de facto o período de ouro do colonialismo e a coroação das decisões acordadas na famosa Conferência de Berlim de 1884/ 85, onde as grandes nações Europeias dividiram entre si todo o continente africano como um bolo de aniversário, sem terem qualquer consideração pelos africanos (…) que as colônias existiam para darem lucros aos seus possuidores europeus e não beneficiar os africanos, e que os africanos eram obrigados a fornecer as matérias primas para a Europa – 


O centro do mundo. Quanto à obtenção dos lucros, que era o fim principal porque possuíam colônias, havia também duas formas de exploração dos africanos(as) obrigar os negros a trabalharem nas minas dos brancos ou nas roças de café, cacau, cana-de-açúcar etc. Sempre com salários baixos de miséria e nunca lhes permitir que tivessem roças próprias (KAMABAYA, 2011:102)


História e História da África

Cabe dizer que na ótica de Diop o legado da Conferência de Berlim não poderia trazer mais vantagens para os africanos do que para os próprios europeus. Daí toda a legitimidade de qualquer novo projeto pensado por africanos e que levaria à implementação de um novo mapa para os africanos. Este projeto de partilha da África é, sem dúvida, uma das violências proferidas e sofridas por europeus e africanos, respectivamente. Não sendo um projeto ingênuo, a não ser para a grande maioria dos africanos de hoje, esta partilha almejava, dentre outros objetivos, embaralhar as antigas formas de organização dos africanos, enfraquecer as relações entre africanos, apagar sua história, impor-lhes uma nova, na qual se enxergam a partir de do seu colonizador, perpetrar sua dominação, em todos os sentidos, sobre eles próprios.



“Mil anos antes dos pensadores gregos, Sócrates, Platão, Zenão, etc., os egípcios, com a reforma de Amenófis IV, tinham claramente em mente a ideia de um Deus universal responsável pela criação e que todos os homens sem exceção podiam louvar: ele não era o Deus de nenhuma tribo, de nenhuma cidade, tampouco de nenhuma nação, mas sim o do gênero humano.3” (DIOP, 1987:37).



Como Diop costuma afirmar: “O Egito foi para a África o que a Grécia foi para o Ocidente”. Portanto, a negação arbitrária de presença negra dominante no passado do Egito seria no mínimo um “crime intelectual” motivado pelo racismo, que embaçaria as bases comuns de






Historiografia contemporânea- Seria uma grande lacuna procurar entender o projeto de criação de um Estado Federal da África Negra, perdendo de vista a colonização da África em geral, e da África Negra em particular. A propósito, Aimé Césaire, no Discurso sobre o Colonialismo mostra que a colonização exercida pelos europeus, em vez levar a civilização para os povos supostos carecer dela, desumanizou os colonizados, ao passo que provocou o mesmo efeito no próprio europeu.


.É importante sublinhar que Diop não era solitário nesta na busca de soluções para a libertação da África Negra. Já no final dos anos 1950, grandes pensadores políticos africanos, como kwame Nkrumah, Patrice Lumumba, Amílcar Cabral e, mais tarde, Thomas Sankara apontaram o dilema fundamental dos africanos (MOORE, 2010:33). Antes da manifestação destes, já se falava de pan-africanismo, movimento mais defendido fora do que dentro da África. Na ótica deste movimento, a união dos povos africanos, desconsiderando as fronteiras, seria uma resposta prática à condição de violentados na qual se encontram. Para Diop a resolução deste problema, ao qual a África está submetida, começaria por outro projeto intelectual de autoconhecimento por meio da própria história, após o qual, o projeto de um espaço territorial africano se realizaria paulatinamente e, em médio prazo, levaria a um território único da África Negra.



Finalizando:

Um ambiente geopolítico coerente e estável sobre as bases de uma racionalidade centralizada em suas atividades econômicas internas e externas era imprescindível. Sem esta, as nações africanas “desapareceriam” uma após outra, engolidas pelas duras realidades do cenário internacional e pelas incessantes guerras civis, tal qual os líderes já o perfilhavam nos anos 60.


recentes da historiografia sobre a África têm sido um ataque considerável ao eurocentrismo na História disciplinar. É perceptível, sobretudo, que o esforço por uma história interdisciplinar, nesta área do conhecimento, tem permitido uma reconstrução histórica mais complexa, em que a utilização cruzada de fontes se tornou uma premissa metodológica. Tal fato tornou-se uma condição necessária para uma história menos eurocêntrica em relação à África; e, como colocou Ki-Zerbo (1980: 377), uma premissa para a concretização de um projeto transdisciplinar do conhecimento, ainda a ser construído.


 Por outro lado, a continuidade de uma perspectiva que visou descolonizar a História da África, em um âmbito mais geral, reforçou um viés de interpretação heurística deveras interessante. Assim, os conceitos de trabalho historiográfico parecem cada vez mais imanentes à própria história, em vez de basearem em categorias fechadas, construídas a posteriori. Tal tendência tem aproximado, cada vez mais, a História da Antropologia. Aí, a 
novidade tem sido a difusão de uma “antropologização” dos conceitos historiográficos, que postula uma visão crítico-assimilativa acerca das categorias clássicas de entendimento dos fatos sociais. Neste sentido, por exemplo, desde uma perspectiva africana, autores como Akinjogbin et al. (1981), vêm postulando uma ressignificação conceitual de categorias 
Um afro abraço.


Claudia Vitalino.



Fonte:www.pordentrodaafrica.com /https://www.revistas.usp.br