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domingo, 25 de março de 2018

Capoeirista ,filósofo popular:Vicente Ferreira mais pode me chamar de Mestre Pastinha

VICENTE FERREIRA PASTINHA

Em 5 de abril de 1889, nascia Vicente Ferreira Pastinha, responsável
pela difusão da Capoeira.

Angola, bem como pela reunião e organização dos princípios e fundamentos de um dos maiores símbolos da cultura brasileira.

Filho do espanhol José Señor Pastinha e da baiana Eugênia Maria de Carvalho, nasceu na Rua do Tijolo em Salvador, Bahia.

Na virada do século XIX para o século XX, Pastinha foi apresentado à capoeira, segundo ele próprio, por pura sorte. Quando tinha em torno de 10 anos, em consequência de um arenga de garotos, da qual sempre saía perdendo, conheceu Benedito, preto africano que se tornaria seu mestre.

“A minha vida de criança foi um pouquinho amarga. Encontrei um rival, um menino que era rival meu. Então, nós entrávamos em luta. E, na janela de uma casa, tinha um africano apreciando a minha luta com esse menino. Então quando acabava de brigar, que eu passava, o velho me chamava: ‘Meu filho, vem cá!’ Eu cheguei na janela e ele, então, me disse: ‘Você não pode brigar com aquele menino. Aquele menino é mais ativo do que você. Aquele menino é malandro! Você quer brigar com o menino na raça, mas não pode. O tempo que você vai pra casa empinar raia, você vem aqui pro meu cazuá.’ Então, aceitei o convite do velho, que pegava a me ensinar capoeira. Ginga pr’aqui, ginga pra lá, ginga pr’aqui, ginga pra lá, cai, levanta. Quando ele viu que eu já estava em condições pra corresponder com o menino, ele disse: ‘Você já pode brigar com o menino’. Então, eu saí. Quando eu vinha, a mãe dele via que eu ia passar, gritava: ‘Honorato, aí vem seu, camarada.’ O menino puca. De dentro de casa o menino pulava no meio da rua com o satanás. Aí, pegou a insistir e na hora que eu insisti, pum, passou a mão. Eu saí debaixo. Ele tornou a passar a mão em mim, eu tornei a sair debaixo. Ele disse: ‘Ah, você tá vivo, hein?!’ Ele insistiu a terceira vez, eu aqui rebati a mão dele e sentei-lhe os pés. Ele recebeu, caiu. Tornei a sentar o pé nele, ele tornou a cair. A mãe dele foi e disse: ‘Vê se não vai apanhar!’ Aí eu disse: ‘Vai ver ele apanhar agora!’.”

"Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga.

Tornou-se discípulo de Benedito e passou a frequentar sua casa todos os dias dado o grande interesse que a capoeira tinha conseguido despertar nele. Pastinha aprendeu além das técnicas, a mandinga. Benedito ensinou-lhe tudo o que sabia.

Durante esse período, o menino Pastinha também frequentava o Liceu de Artes e Ofício, onde aprendeu entre outras coisas a arte da pintura. Em 1902, Pastinha entrou para e escola de aprendizes marinheiros, onde passaria oito anos de sua vida. Na Marinha, praticou esgrima (treinou com espada e florete) e estudou música (violão), ao mesmo tempo em que ensinava capoeira a seus companheiros.

Em 1910, aos 21 anos, pede baixa da corporação. De lá já sai como professor de capoeira, atividade a qual decide se dedicar. Nesse período, tinha que ministrar suas aulas às escondidas na sua própria casa, pois a capoeira figurava no Código Penal como atividade proibida, com sujeição a pena de prisão de dois a seis meses, sendo esse período dobrado no caso dos “chefes ou cabeças”.

Foi exatamente o endurecimento da repressão à capoeira que levou Mestre Pastinha a interromper suas aulas. Entre os 1913 e 1934, teve que trabalhar de pintor, pedreiro, entregador de jornais e até tomou conta 
de casa de jogos.

Em 1941, Pastinha foi convidado por seu antigo aluno, Raimundo Aberrê, a assisti-lo na roda de capoeira da Jinjibirra (Gengibirra). Lá, de acordo com o próprio Pastinha, lhe aguardava uma surpresa:

“No Jinjibirra, tinha um grupo de capoeirista, só tinha mestre, os maiores mestres daqui da Bahia. O Aberrê me convidou pra eu ir assistir a ele jogar, num dia de domingo. Quando eu cheguei lá, ele procurou o dono da capoeira, que era o Amorzinho, que era um guarda civil. Chamou o Amorzinho, o Amorzinho no aperto da minha mão foi e entregou a capoeira pra eu tomar conta, dizendo:‘Há muito que o esperava para lhe entregar esta capoeira para o senhor mestrar’. Eu ainda tentei me esquivar, me desculpando, porém, tomando a palavra o Sr. Antônio Maré disse-me: ‘Não há jeito, não, Pastinha, é você mesmo quem vai mestrar isto aqui’. Como os camaradas deram-me o seu apoio, aceitei.”

Assumindo a missão de organizar a Capoeira Angola e de devolver a ela seu valor e visibilidade, enfraquecidas pela emergência e popularização da Capoeira Regional, Mestre Pastinha funda o Centro Esportivo Capoeira Angola (CECA), localizado no Largo do Cruzeiro de São Francisco, a primeira escola de Capoeira Angola. Em sua academia, Pastinha adotou um uniforme com as cores de seu time do coração, onde treinou quando rapaz, o preto e o amarelo do Esporte Clube Ypiranga.

Em 1952, o CECA foi oficializado e três anos depois sua sede muda para seu endereço mais famoso: o casarão da Praça do Pelourinho, nº 19. Neste período, Pastinha já estava com 66 anos de idade.

Neste endereço, reuniam-se capoeiristas consagrados como Valdemar da Paixão, Noronha, Maré, Divino, Traíra. O CECA era uma escola de mestres, que transmitia a tradição dos angoleiros. Lá formaram-se outros grandes nomes da capoeira, como Curió, Albertino, Gildo Alfinete, Valdomiro, João Grande e João Pequeno.

Mestre Pastinha sempre prezou pela cordialidade entre seus alunos e pregava que os capoeiristas não deveriam apelar para a violência quando estivessem vadiando (jogando). Ao contrário, sustentava que a calma era a maior aliada do capoeira.

“É o controle do jogo que protege aqueles que o praticam para que não descambe no excesso do vale tudo. Note bem, estou falando em sentido de demonstração, e não de desafio, porque sempre traz consequências às vezes desastrosas. Tira toda a beleza e o brilho da capoeira […]”

Para o Mestre, as pessoas costumam se admirar com a capoeira ao percebem que se trata de uma luta em que “dois camaradas jogam sem egoísmo, sem vaidade. É maravilhosa e educada.”

Mestre João Pequeno, aluno que recebeu do próprio Pastinha a missão de dar continuidade ao CECA e ao seu trabalho, resumiu bem os ensinamentos do maior de todos os angoleiros:

“O capoeirista para bater não precisa encostar o pé. Ele deve ter seu corpo freado, manejado para quando ele levar o pé e vir que o adversário não se defendeu, ele frear antes do pé encostar. Porque quem tá de parte vê que não bateu porque ele não quis. Então para bater não precisa dar pancada no adversário.”

Como reconhecimento por sua contribuição à cultura afro-brasileira, em 1966, Mestre Pastinha realizou o 
seu sonho de conhecer a África ao representar o Brasil por meio da Capoeira Angola, no 1º Festival Mundial das Artes Negras, em Dacar/Senegal. Como ele já não estava enxergando bem, consequência de uma trombose que atingiu sua visão, não chegou a vadiar em terras africanas.

Apesar desse raro momento de reconhecimento do Estado brasileiro da importância de Pastinha, o Velho Mestre trabalhou e empenhou-se pelo crescimento da Capoeira Angola quase sempre sem qualquer apoio ou incentivo dos órgãos públicos. Ao contrário disso, em 1971, foi vítima do processo de gentrificação (higienização social) que se deu no Pelourinho, local que começava a ser visado pela especulação imobiliária dado o forte apelo turístico do lugar.

Obrigado pela Prefeitura de Salvador a se retirar do casarão, que entraria em processo de restauração, sob a promessa de retornar ao fim desse, Pastinha viu-se forçado a se mudar e nunca mais pôde voltar à famosa sede do CECA, que deu lugar a um restaurante do SENAC.

Segundo Mestre Curió, aluno de Pastinha, com muita resistência deram um espaço para a academia na Ladeira do Ferrão, conhecida comoLadeira do Mijo.

Com esse ato de destrato e desconsideração, Mestre Pastinha entrou em depressão e teve uma forte piora de sua saúde física. Pastinha viveu seus últimos dias morando num quarto escuro e úmido, na Rua Alfredo Brito n° 14, no Pelourinho. Além da terceira esposa, Maria Romélia, poucos foram os que ajudaram o Mestre.

Após esse período foi enviado para o abrigo para idosos Dom Pedro II, onde permaneceu até a sua morte. Mestre Pastinha morreu cego, quase paralítico e abandonado, no dia 13 de novembro de 1981, aos 92 anos. O Brasil perdia um dos seus maiores mestres. Não só o mestre da Capoeira Angola, mas o mestre da filosofia popular.

O grande escritor Jorge Amado, admirador de Mestre Pastinha e também um dos que lhe deram suporte em momentos difíceis de sua vida, dizia que ele não era apenas um praticante da capoeira, mas um teórico dela. Em seu livro Capoeira Angola (1965), Pastinha defendia a natureza não violenta do jogo e afirmava que a capoeira conferia dignidade, honradez e decência aos seus praticantes.

Em 1964 o Mestre publica o seu livro intitulado “Capoeira Angola”, onde o escritor Jorge Amado teve o prazer de escrever:

“... mestre da Capoeira de Angola e da cordialidade baiana, ser de alta civilização, homem do povo com toda a sua picardia, é um dos seus ilustres, um dos seus abas, de seus chefes. É o primeiro em sua arte. Senhor da agilidade e da coragem, da lealdade e da convivência fraternal. Em sua escola no pelourinho, Mestre Pastinha constrói cultura brasileira, da mais real e da melhor...” 

Além do livro, o mestre gravou também um disco com cinco faixas. O disco intitulado “Pastinha Eternamente”, conta com depoimentos na voz do próprio mestre e músicas de capoeira, cantadas por Mestre Traíra. Este disco é simplesmente uma raridade e está disponível para download na internet. No final do post disponibilizarei o link para o download. 

Em abril de 1966, integrou a delegação brasileira no 1° Festival de Artes Negras, no Senegal, Dakar na África, onde recebe várias homenagens e confirma que na África não existe qualquer coisa que se pareça com a nossa capoeira. Com todo esse destaque Mestre Pastinha começa a receber o apoio de várias 
instituições governamentais até que em 1971 o destino (ou o sistema) lhe pregaria uma grande peça.

Capoeira, patrimônio cultural- A história de vida e os ensinamentos de Mestre Pastinha, junto com a de outros mestres, que tenham sido seus alunos ou não, da Capoeira Angola ouRegional, motivou outras pessoas a praticar a capoeira, que se disseminou pelo país e pelo mundo, tornando-se um dos maiores símbolos da cultura brasileira.

A complexidade e expressividade da capoeira levaram o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a registrar a Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira como patrimônios culturais imateriais brasileiros, em 2008, estando inscritos, no Livro de Registro das Formas de Expressão e no Livro de Registro dos Saberes, respectivamente.

Seis anos depois, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) conferiu à Roda de Capoeira o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

“Eu nasci pra capoeira, só deixo a capoeira quando eu morrer.
Eu amo o jogo da capoeira. E não há outra coisa melhor na minha vida do que a capoeira.”
Vicente Ferreira Pastinha

A censura absurda a um livro de cultura afro e o projeto de teocratização do Brasil. Por Cidinha da Silva

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O livro “Omo-Obá: histórias de princesas” (Mazza Edições, 2009) escrito por Kiusam de Oliveira e ilustrado por Josias Marinho, foi avaliado e adotado pela Gerência de Educação Básica do Sesi Volta Redonda, RJ.
A obra é recomendada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e foi uma das representantes do Brasil na Feira de Bologna, Itália (2010), maior do mundo no segmento. Foi ainda selecionada pelo PNBE 2011.
O fato de ser uma obra validada por diferentes especialistas, todavia, não impediu que “alguns pais”, segundo nota enviada pela coordenação pedagógica da escola a todos os pais e responsáveis, vetassem o livro e, pior de tudo, tivessem o pleito atendido por aquela coordenação. Dessa forma, o trabalho técnico dos colegas da Gerência de Educação Básica foi totalmente desconsiderado.
Uma mãe negra, Juliana Ferreira, cujo filho estuda no Sesi Volta Redonda indignou-se como o comunicado da escola dando conta da substituição do livro em resposta à reclamação de “alguns pais”. Juliana transformou a indignação em denúncia e uma rede de questionamentos ao Sesi e de apoio à obra se formou nas Web, pressionando a instituição a rever a decisão.
Entretanto, instituições de classe na defesa do livro, de editoras, da liberdade de expressão e do cumprimento da legislação que institui os conteúdos de história e cultura africana e afro-brasileiras nos currículos do ensino fundamental e médio premiram a mudança de postura do Sesi Volta Redonda.
A LIBRE – Liga Brasileira de Editoras encaminhou à FIRJAN – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, à qual a escola é filiada, nota em que argumentava: “A Mazza Edições, integrante da Libre e presente no mercado há mais de três décadas, é uma referência na publicação de obras literárias e científicas sobre cultura africana e afro-brasileira. Nesse sentido, a escolha da obra pelos professores da Escola Sesi indica um olhar atento para a diversidade étnica, para a bibliodiversidade e respeito à lei nº 11.645/2008 (referente à obrigatoriedade de estudo de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos diferentes níveis de ensino)”.
A Câmara Mineira do Livro foi mais incisiva e além da nota, da qual extraímos alguns trechos, telefonou para diretoria da FIRJAN cobrando mudança de posicionamento, nos seguintes termos: “Pelo que se depreende da leitura do restante da nota (da escola), o veto “de alguns pais” é de cunho religioso ou de intolerância étnica. Se, de fato, foi esta a motivação, é dever não só da escola, mas de todo o Sistema FIRJAN – cujo slogan é “Informa, Forma, Transforma” – esclarecer aos pais, à luz da Constituição Federal, que o art. 215, § 1°, dispõe: “O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”.
O que a escola não deve fazer é aceitar “questionamento de alguns pais” sem se dar ao trabalho de reuni-los, apresentar e mediar a obra, explicar a importância e a motivação pedagógica de sua adoção e esclarecer a firme posição (espera-se) da instituição em “informar, formar e transformar”. Para tanto, são importantes – deveria esclarecer a direção da escola – as escolhas literárias de boa qualidade; que não ofendem a lei nem crenças alheias e que apresentam a diversidade cultural dos povos fundadores da cultura brasileira.
Não menos grave é o fato de que a opinião de “alguns pais” se sobreponha ao trabalho de especialistas – pedagogos, professores, bibliotecários – qualificados ao longo de anos de estudos e pesquisas. Ao indicar um livro, esses especialistas levam em conta: adequação da obra à faixa etária a que se destina; compatibilidade com o projeto pedagógico; respeito à diversidade cultural; qualidade e diálogo entre texto e ilustração, entre outras características.”
O Brasil do golpe abre as porteiras para que as conquistas de espaço para a pluralidade de vozes e manifestações culturais nas escolas sejam violentamente atacadas por um projeto político de teocratização do Estado que demoniza as culturas negras, cuja abordagem a Lei 10.639/2003 (substituída pela 11.645/2008) convoca e protege.
Esse projeto prega que os africanos foram amaldiçoados, seus descendentes, sua história e cultura, também. Asseguram que isso está na Bíblia, baseando-se na certeza de um livro tido como incontestável.
No projeto de teocratização do Estado, existe um SNI das culturas negras, que trata de mapear educadoras e educadores comprometidos com a execução da Lei 10.639, perseguindo-os e dificultando-lhes o trabalho. Tudo passa a ser obra do demônio: as manifestações de culturas populares como a congada, a capoeira, o maculelê, o frevo, o maracatu, o jongo e tantas outras, esteio tradicional de música, canto, dança, medicina, culinária, artesanato, brincadeiras, encenações, festas e jogos. Todas são demonizadas junto com os saberes da Umbanda e do Candomblé.
Passam por cima da laicidade do Estado e promovem o racismo e a discriminação racial em nome de Deus e em detrimento dos direitos humanos e de cidadania. Em benefício da perpetuação do escárnio virulento à diversidade humana, verificado minuciosamente nas escolas e na educação brasileira.
Fonte: Diário do Centro do Mundo - DCM

LÁZARO RAMOS ESTREIA 13ª TEMPORADA DE “ESPELHO”

Nova leva de 26 episódios traz entrevistados que, por meio de uma pergunta, tentam encontrar soluções para suas relações pessoais e para o país
No dia 26 de março (segunda-feira), Lázaro Ramos estreia a nova temporada de “Espelho”. Idealizado e apresentado por ele há 13 anos, o programa semanal do Canal Brasil segue sua busca pela pluralidade, discutindo assuntos atuais e temas como democracia, cidadania e, claro, arte, educação e cultura. “O mote é buscar alternativas de relação, de convivência e na condução do país”, explica Lázaro, que fez a todos convidados a mesma pergunta: ‘O que você quer dizer de novo para o mundo?’. “Essa questão inspirou toda a temporada porque, na minha percepção, a gente tem que rever os contratos e não pensar apenas em diagnósticos, mas tentar encontrar soluções”, finaliza Lázaro.
Partindo do princípio de extrair novos diálogos e pensar fora da caixa, em 26 episódios Lázaro recebe para conversas intimistas e bem humoradas nomes como Caetano e Zeca Veloso, Fernanda Torres, Bela Gil, Djamila Ribeiro, Baby do Brasil, Tatiana Nascimento, Mônica Iozzi, Leda Nagle, Augusto Cury, Cacau Protásio, Ícaro Silva e Nilton Bonder, sendo a convidada de estreia Diva Guimarães, a professora de 78 anos que ficou conhecida na Flip do ano passado depois de dar a Lázaro um emocionante depoimento sobre preconceito. Agora, eles se reencontram para uma conversa sobre o papel libertador que a educação e a igualdade proporcionam ao mundo.
Paulo Mendonça, diretor-geral do Canal Brasil e grande parceiro do projeto desde o início, comemora o sucesso da atração. ”O olhar generoso de Lázaro para seus convidados proporciona ângulos sempre novos sobre os assuntos debatidos. Essa é uma virtude da maneira gentil dele ser”, diz.
Pela primeira vez dirigido por uma mulher, Juliana Vicente, “Espelho” joga luz também sobre a literatura. Além de ser pauta principal de muitos episódios, em cada edição, a doutora em literatura afro-americana e negro-brasileira, Fernanda Felisberto apresenta um livro infantil escrito para crianças negras no quadro chamado Okawé. Assim como faz desde quando surgiu, em 2005, Espelho sempre pretendeu levantar a autoestima negra e debatê-la e, em 2018, segue mais amplo e incansável em sua curadoria de convidados que nos ajudem refletir e abordar questões urgentes para a sociedade.
Além da estreia no canal linear, o Canal Brasil antecipou o lançamento de alguns episódios em plataformas digitais. Os 13 primeiros programas já estão disponíveis no NOW. No Canal Brasil Play, já é possível assistir a três episódios e, a partir do dia 23, e dois deles estarão disponíveis também no YouTube.
13 anos no ar
Em sua trajetória e com mais de 300 entrevistados, “Espelho” apresentou conversas memoráveis, como é o caso dos programas de Criolo, Tom Zé, Seu Jorge, Geneton Moraes Neto, Leandra Leal, Mart’nália, Jesuíta Barbosa, Marcius Melhem, entre muitos outros, além de nomes internacionais, como a cantora espanhola Concha Buíka. Isto tudo com conversas sempre pautadas pela espontaneidade e sem ficar preso a cenários fixos e formatos definidos.
Entre os programas históricos, houve um especial em 2009: Lázaro foi até Washington, nos Estados Unidos, para cobrir a posse do primeiro mandato do ex-presidente americano Barack Obama. Emocionado, o apresentador acompanhou a cerimônia e conversou com o povo que lá estava. Além disso, Lázaro já dirigiu algumas temporadas de “Espelho” e passou também a produzi-lo com seu selo, o Lata Filmes, uma sociedade com a empresária e produtora Tânia Rocha.
‘ESPELHO’ (2018) (26 x 25′), com Lázaro Ramos
– Estreia: segunda-feira, dia 26, às 21h30, reprises terças, às 13h, e domingos às 15h30
– Horário: segundas-feiras, às 21h30
– Horários alternativos: terças, às 13h, domingos, às 15h30
– Inédito e Exclusivo
– Classificação: Livre
FICHA TÉCNICA
Concepção: Lázaro Ramos
Direção: Juliana Vicente
Produção: Lata Filmes
Convidados 2018 em ordem de exibição: Diva Guimarães; Caetano e Zeca Veloso; Fernanda Torres; Djamila Ribeiro e Tatiana Nascimento; Gina Vieira; Rincon Sapiência; Fernanda Gentil; Di Melo; Cacau Protásio; Larissa Luz e Ícaro Silva; Débora Falabella; Nilza Barbosa; Leda Nagle; Silvio Guindane; Maria Rita; Cid Bento; Bela Gil; Robson Nunes; Cláudio Prado; Karol Conka; Mônica Iozzi; Aderbal Freire Filho; Baby do Brasil; Andréia Horta; Augusto Cury e Nilton Bonder; e Ana Maria Gonçalves.
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A cidade e a luta pela politica pública para cultura: Avancemos!


Por Alexandre Lucas*
O país vivência uma série de retrocessos no campo das políticas públicas para a cultura. O governo golpista interrompeu a experiência que começava a tomar corpo no pais, no que diz respeito a democratização e descentralização de recursos públicos e ampliação da participação social, inclusão e escuta dos mais plurais e diversos segmentos da cultura. Estava sendo germinando solos férteis para experimentação e redescoberta das multiplicidades, peculiaridades, heranças e hibridismos que tecem as paisagens culturais do povo brasileiro. O que nos resta? Construir e reconfigurar as políticas públicas no país, a partir das cidades. O que indica a necessidade de organização, amplitude de dialogo e pressão popular.
Algumas bandeiras devem nortear uma plataforma que unifique e contemple os diversos segmentos da cultura e que ao mesmo tempo esteja sintonizada com as lutas mais gerais pela retomada das políticas públicas nacionais.
Pensar a cultura nos municípios exige mapeamento, planejamento e definição da narrativa política que se quer construir.
A democracia estética, artística e cultural é um desafio para ser superado no campo da política pública para a cultura que tenha viés popular e que aglutine os diversos segmentos que compõe essa diversidade, o que inclui as vozes invisibilizadas e silenciadas historicamente.
Neste sentido, a luta pela criação e consolidação dos Sistemas Municipais de Cultura, deve ser o eixo central da empreitada para retomada de uma política nacional de descentralização e desburocratização dos recursos públicos , participação e vetor para o desenvolvimento social e econômico do pais. O que não se dissocia da mesma luta ser empreendida em defesa dos sistemas estaduais.
A implantação dos Sistemas Municipais de Cultura representa para cada município, uma possibilidade concreta de transformar o pensar e o fazer da política pública para cultura, ultrapassando às gestões de governos . O aparato desses sistemas municipais envolvem aspectos jurídicos, políticos, planejamento e de recursos financeiros que favorecem o processo de consolidação, enquanto, política pública.
Concomitantemente, é urgente garantir um percentual para a cultura, nacionalmente é defendido no mínimo a aplicação de 1% da receita liquida do município para a cultura e 1,5% para os estados e 2% para a união. Essa é uma forma de responsabilizar judicialmente os gestores públicos que descumprirem a aplicação de recursos, como já é previsto em outras áreas, como é o caso, por exemplo, da saúde e educação.
Outra luta que merece destaque é o fomento as politicas públicas baseadas no “Cultura Viva” que possibilita fomentar e criar elos de ligação dos sujeitos e suas organizações como pontos de impulsão, resistência, produção, circulação e vitalidade estética, artística e cultural da cidade com o mundo. Em cada esquina existe um ponto de cultura desconhecido. É preciso dar vazão as experiências de base comunitária e interligar a outras dimensões do simbólico, como forma de desguetizar , potencializar e garantir a autonomia e protagonismo dos construtores da arquitetura de saberes e fazeres numa interligação entre o velho e o novo, e no que se pode surgir a partir destas conexões.
A cidade tem que criar, readequar, equipar, qualificar e garantir as condições de funcionamento dos equipamentos culturais, estabelecendo formas republicanas de ocupação e de protagonismo popular e ao mesmo aproximar o entendimento que a politica pública para a cultura deve está alinhada a politica pública para a educação, e neste sentido, é fundamental reconhecer os espaços escolares como os principais equipamentos cultuais do município que podem ser verdadeiros centros de democratização, vivência e experimentação dos saberes científicos, populares, estéticos, artísticos e culturais produzidos historicamente pela humanidade. Esses espaços também podem ser usados para reproduzir uma cultura opressora, conservadora e odiosa, por isso a necessidade de disputa de narrativas nestes equipamentos.
Por outro lado, a política pública para a cultura deve ser pensada como parte estruturante da cidade, conectando pontos , sujeitos, ocupação criativa dos lugares, memória, história, urbanização social e se constituindo num leque desenvolvimentista que possibilite a democratização do simbólico e a geração de renda para o povo. É possível se pensar nas cidades lúdicas, leitoras, educativas, sustentáveis e que impulsione novos olhares para o cuidado com o patrimônio material e imaterial na sua dimensão mais ampla que é a reação dos seus sujeitos com os espaços.
Encampar a luta no âmbito dos municípios , não será tarefa harmoniosa, mas é uma das estratégias para acumular forças para a retomada das politicas públicas no país. Precisamos inverter a logica do “selfie” das políticas institucionais direcionando para narrativas em os sujeitos e suas organizações possam protagonizar a redescoberta da diversidade do pais pelo seu povo.
*Alexandre Lucas é pedagogo, artista-educador e integrante do Coletivo Camaradas.