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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Bresser-Pereira: preconceito social e racial da elite precisa ser superado nas eleições de 2018

Economista Bresser-Pereira em entrevista ao DCM na TVT. Foto: Reprodução/YouTube
Do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira em sua página no Facebook.
Depois do ódio
Em 2014, em artigo em Interesse Nacional, “O mal-estar entre nós”, escrevi, preocupado, que uma coisa que eu não havia visto anteriormente, o ódio, havia surgido entre as elites econômicas brasileiras. Poucos leram esse artigo, mas, em fevereiro do ano seguinte, em longa entrevista a Eleonora de Lucena na Folha de S. Paulo, esta preocupação apareceu no título da matéria, e teve ampla repercussão.

Por que esse ódio? Afinal o governo de Lula nada teve de radical; definitivamente não prejudicou as elites econômicas brasileiras. No artigo do 2014 eu usei como explicação a observação de Claudio Gonçalves Couto sobre o “incômodo” dessas elites, inclusive a classe média tradicional, de encontrarem nos aeroportos e nos shopping centers representantes da classe C. Essa explicação tornou-se, depois, paradigmática, mas hoje quero oferecer uma explicação mais ampla para o ódio na política brasileira.
Jesse Souza está fazendo grande sociologia crítica, como há muito tempo não acontecia no Brasil. E sua crítica se estende aos intelectuais. Seu último livro, “A Elite do Atraso” precisa ser lido. É obra de um intelectual crítico, não de um intelectual-político; ele pensa de acordo com a ética da convicção, não a ética da responsabilidade. Por isso, não é possível deduzir políticas diretamente de sua crítica, que é radical, mas ela obriga a pensar.
Para Jessé, o que define o Brasil é a escravidão. É uma interpretação melhor do que a do “patrimonialismo”, que ele critica porque entende que esta é uma forma de empurrar a culpa do nosso atraso econômico e políticos para o Estado, seus políticos e seus burocratas, deixando a elite econômica esquecida, e do “populismo”, que seria uma forma demonstrar a incapacidade do povo de votar de maneira “certa”. A meu ver, faz pouco sentido explicar a corrupção hoje existente no Brasil com o patrimonialismo; essa corrupção é capitalista, deriva de ser o dinheiro ou o capital o valor maior nesse tipo de sociedade. Quanto ao populismo político – a relação direta do líder político com o povo sem a intermediação dos partidos e ideologias –, ele muitas vezes é a maneira de um povo, por séculos ignorado, atuar na política pela primeira vez.
A escravidão é ainda a marca maior da sociedade brasileira, porque ela durou tempo demais, e porque abrangeu uma grande parte da população, tornando o Brasil um país mestiço. Ao colocarmos a escravidão no centro da interpretação do Brasil, compreendemos porque, objetivamente, a sociedade brasileira é tão desigual, e, no plano subjetivo coletivo, porque o preconceito social e racial é tão grande nas nossas elites inclusive a classe média tradicional.
Conforme afirma Jessé, essa elite despreza povo, porque ela é branca e rica, e o povo é pobre e mestiço; porque ela vê esse povo como gente de segunda classe. Ela prefere se associar às elites dos países ricos, aos seus “iguais”, ao invés de se associar ao povo. Por isso ela rejeita o nacionalismo econômico, que implica uma solidariedade básica da classe capitalista com a classe trabalhadora em torno do interesse comum pelo mercado interno, e adota o liberalismo econômico como ideologia.

Estava essa elite posta em sossego até que, em 1986, o Brasil se tornou um país democrático, ao garantir o sufrágio universal. Os analfabetos passaram a ter direito a voto, associaram-se ao restante da maioria da população pobre, e se tornaram uma força política. Que escolheu Lula como seu líder.
Vem daí o ódio a Lula. De haver nascido deste povo, e não ter renunciado a ele. Ele poderia tê-lo feito; tantos políticos de esquerda se deixam cooptar. Lula fez acordos, mostrou que não podia governar sem algum apoio dessas elites, e fez o melhor dos seus esforços para chegar a um acordo com elas, mas continuou povo, e isto é indesculpável.
Estará o Brasil condenado ao ódio e ao desentendimento? Não creio, porque a elite brasileira não é um monólito. Ainda que uma minoria, há nela muitos nela que sabem que seu preconceito social e racial precisa ser superado, que o ódio é irracional e insustentável. Uma nação e uma democracia não podem existir sem política, e nela não há lugar para inimigos a serem excluídos, mas para adversários que se respeitam.
O ano que está para começar é ano de eleições presidenciais. É um momento no qual a política precisa estar viva, livre e atuante, com candidatos defendendo programas e ideias, não exercitando o ódio. Assim teremos um presidente eleito democraticamente, seja quem for ele, e o caminho possível, mas difícil, para o depois do ódio, para a pacificação dos espíritos, estará à nossa frente.
Fonte: diariodocentrodomundo.com.br

Congresso atentou contra Direitos Humanos mais de 200 vezes

Foto:Wikicommons
Alerta foi feito pela Anistia Internacional, que avaliou os trabalhos legislativos durante o ano de 2017;
Congresso Nacional tentou ao longo de 2017 avançar com ao menos 200 pautas e projetos que ferem e representam retrocessos para os direitos humanos do país, alertou a Anistia Internacional nesta quarta-feira (20) em avaliação após os encerramentos dos trabalhos legislativos.
“Nossos direitos estão sob ataque. Durante o último ano, o Congresso tentou aprovar diversas propostas que, na prática, significam um enorme retrocesso em direitos humanos já conquistados há décadas”, disse Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, em comunicado.
Segundo a entidade, as crises política e econômica funcionaram como uma “cortina de fumaça” para que fossem colocadas na pauta da Câmara dos Deputados e do Senado projetos que atentam contra direitos já assegurados pela legislação brasileira.
Os projetos citados pela organização tiveram alvos variados, como o direito à manifestação, o direito à terra de povos indígenas e comunidades quilombolas e os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
Um exemplo apontado pela Anistia é a aprovação e sanção da lei que transfere para a Justiça Militar a responsabilidade de julgar crimes cometidos por militares contra civis. Na avaliação da entidade, a medida tem como consequência alimentar a cultura da impunidade.
Em outros casos, no entanto, avaliou a Anistia, a mobilização popular teve efeito para conseguir barrar ou pelo menos adiar a votação de algumas medidas.
A votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado foi adiada e ficará para 2018 e a mobilização de grupos feministas, de mulheres e profissionais da saúde também conseguiu evitar a criminalização total do aborto, tema que é alvo de ao menos 30 projetos, disse a entidade.
“Através de protestos dentro das audiências do Congresso ou durante sessões de comissões específicas, de mobilização nas mídias sociais, de ações de e-mails diretos e vídeos com participação de artistas e influenciadores, as mulheres fizeram de suas vozes ferramentas potentes para proteger direitos”, afirmou a organização de defesa dos direitos humanos.
Para 2018, a expectativa da Anistia Internacional é que parlamentares continuem submetendo e avançando com projetos que atinjam os direitos humanos, o que continuará a ser combatido com mobilização popular.
“A agenda legislativa do Congresso para o próximo ano certamente irá retomar o ataque aos direitos humanos. Temos que estar preparados para resistir e proteger de forma digna, as vidas e os direitos de milhões de brasileiras e brasileiros”, disse Werneck.
Por Laís Martins, da Agência Reuters, publicado no site Brasil 247

Centro Cultural Sítio Roberto Burle Marx será revitalizado

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Centro Cultural Sítio Roberto Burle Marx, na Barra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro, passará por uma revitalização e contará com um repasse de 4,45 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as obras.
Atualmente, o local passa por obra de infraestrutura elétrica, telefonia, entre outros serviços essenciais, e já licitou a reforma de um lago.
Com 400 mil metros quadrados, o sítio abriga 3,5 mil plantas tropicais e semitropicais de espécies nativas e exóticas, coleção que atrai pesquisadores e entre 600 e 700 visitantes por mês.
Em 2015, o centro cultural se candidatou ao título de patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e o registro foi aceito pela entidade.
Agora, as informações serão conferidas pela Unesco em missão oficial, e o resultado da avaliação será divulgado em meados de 2019.
Segundo a diretora do centro cultural, Cláudia Storino, o apoio do banco, que corresponde a mais de 60% dos recursos do projeto de revitalização, vai contribuir para a candidatura na Unesco: “Além disso, é um aporte bem importante para o funcionamento do sítio, para o atendimento aos visitantes”.
Histórico
O sítio foi comprado pelo paisagista Roberto Burle Marx na década de 1940, com o objetivo de ali instalar sua coleção botânica. Nos anos 1970, quando Burle Marx passou a morar no local, a área abrigou também objetos pessoais, produção artística e coleções de arte e design.
Em 1985, o paisagista doou o sítio e todo o acervo à Fundação Nacional Pró-Memória, do Ministério da Cultura. O órgão foi sucedido pelo Iphan. Desde então, o local passou a ser considerado instituição pública e foi tombado em nível federal.

Meu nome é Zumbi, Dandara e Galdino Pataxó-hã-hã-hãe

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Por parte de mãe, tenho avó “cabocla” chamada Perpétua, descendente dos índios Cariús. O meu avô materno tem ascendência “criptojudaica”, portanto ibérica e oriental. Da parte do meu pai, tenho bisavós portugueses vindos de Trás-os-Montes e do Alentejo, portanto, mistura de muitos povos: fenícios, ibéricos, celtas, visigodos, romanos, árabes-berberes e africanos magrebinos. Quando jovem, casei-me com uma mulher “morena”. A sua mãe era “alva” e tinha olhos azuis. O seu pai era um pernambucano “negro” (usarei essa palavra que nos movimentos de “negritude” contemporâneos aproxima-se do conceito de “raça”, embora eu prefira a palavra “preto”, por indicar um ser humano com a gradação de pele mais escura e não como conceito racial – já que cientificamente não existem raças humanas). A esposa “morena” e eu (também mestiço de pele mais clara) tivemos três filhos. O primogênito é “moreno claro”, cabelos crespos, alta estatura e feição mourisca. A segunda nasceu bem mais clara, pois foi marcada com o fenótipo da “brancura” da avó materna, mas tem traços e dengo de “cigana”, que evidencia a presença desse povo nômade na família. A caçula nasceu “morena mais escura”, com olhos escuros, cabelos escorridos e negros como as asas da graúna. Todos se casaram. O primogênito com uma mulher de feições “ciganas”, a segunda com um “moreno” do Brasil Central, a caçula (de pele mais escura), com um “branco” alourado, de olhos claros, descendente de poloneses. Seguindo essa linhagem miscigenada, recebi netos e netas: moreninhas, branquinhas, indiozinhos e ciganinhos. Em tese, cada um poderá optar pelo grupo étnico que melhor lhe aprouver, erigindo códigos sociais e culturais relevantes em sua construção identitária. Essa opção, no entanto, não é assim tão simples. Vejo a corajosa luta de Marieta Severo e de Chico Buarque de Holanda, na denúncia dos preconceitos, em defesa dos seus netos de cor de pele mais escura (identificados como “pretos”), a exemplo de tantos outros avôs, avós, mães e pais. Vejo a luta das “mães pretas”, nas favelas e nas periferias, em defesa dos seus filhos perseguidos e, muitas vezes, cruelmente assassinados. Vejo o preconceito (um veneno) impregnado no cotidiano social, como se fosse alguma coisa normal, em diferentes nuances. A minha primogênita, a morena de pele mais escura, quando sai às ruas com a filhinha de pele mais clara (aparentemente “branca”), tem sempre que ouvir a indiscreta pergunta: quem é a mãe? Isto porque uma jovem mulher “preta” ou uma “morena”, segurando uma criança “branca”, para essas pessoas, tem que ser uma “empregada doméstica”. E quando é o contrário: uma mulher aparentemente “branca” passeando com o seu filho de pele mais escura (aparentemente “preto”)? A manifestação do ódio é ainda maior e expressa com maior virulência, chegando às vezes à agressão física, nesses tempos de preconceito amplificado e de fascismo manifesto.
Isso podia ser uma crônica fechada, familiar. Torno pública para denunciar a presença entranhada do preconceito em nossa sociedade e do quanto é absurda essa situação. As origens nos traem. Nós brasileiros, somos descendentes de povos africanos escravizados (nomeados “negros da África”) e de povos índios originários (nomeados “negros da Terra”), mesclados aos miseráveis degradados, foragidos e colonos europeus pobres (notadamente da grande mestiçagem ibérica) que aqui chegaram e ganharam fortuna, muitos deles explorando escravos “índios” e “negros”, violentando mulheres escravizadas e submetidas. A nossa sociedade nacional foi construída em cima de um machismo brutal. Esse é o trauma da origem que muitos tentam apagar. Se nascemos da “preta” ou da “índia” violentada pelo senhor da Casa Grande, temos que renegar a nossa mãe “preta” e “índia” e empunhar o chicote do nosso pai que se nomeia branco? A nossa mestiçagem nasce da exploração e da violência, tomando depois (em cinco séculos de conflitos) variados aspectos e representações sociais, até chegar a ser, na contemporaneidade, uma escolha pessoal (quando livre do domínio econômico e da “coisificação” da mulher), ou mesmo, em casos mais raros, uma manifestação de amor, lutando muitas vezes contra o preconceito.
O que nos faz querer ficar “brancos”, “nobres” e tão orgulhosos? A gradação social da cor na pele? A posse do dinheiro e do poder? Não somos todos nascidos da mesma mistura, feito uma safra de caju, quando os frutos vêm de cores variadas? As pesquisas indicam que é muito elevada a presença de genes de “afrodescendentes” e de “índios”, juntamente, com genes mestiços europeus, na mistura brasileira. Assim, mesmo quando pensamos ser “brancos”, geneticamente temos elevada presença de genes “afrodescendentes”. Quando pensamos ser “negros”, temos também genes de mestiços “brancos” e “índios”. A nossa cultura nacional tem uma grande e positiva contribuição de povos ibéricos-mestiços, indígenas e afro-brasileiros, e esse ethos está expresso na nossa alma, no nosso corpo. Essa é a realidade com a qual devemos trabalhar, sem orgulho e sem vergonha, na construção de uma nação mais igualitária e justa. É preciso uma educação nova e libertária. O grande líder Nelson Mandela, na sua luta contra o apartheid, afirmava: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”
Nada justifica a presença do preconceito, e, para exemplificar o absurdo de tal comportamento, aqui lembro o grande cantador piauiense Domingos Fonseca. Em uma cantoria, o seu desafiante quis humilhá-lo, por ele ser “pardo”, e cantou: “Domingos além de pobre / É tão triste a tua cor!” Domingos, cheio de dignidade, improvisou: “Falar de nobreza e cor / É um grande orgulho seu / Morra eu e morra o branco / Enterre-se o branco e eu / Que amanhã ninguém separa / O pó do branco do meu!” O discurso de supremacia branca (ou de qualquer outra cor ou pretensa “raça”) é estupidez, é fascismo, é obscurantismo, é a manifestação de alguma coisa tão vergonhosa que nem ousa dizer o seu nome: racismo.
A maioria de pessoas de cor de pele “preta” (ou “afro-brasileira”, ou “negra”, ou grupos étnicos que assim se definem ou assim são identificados ) que faz a nação brasileira é ainda hoje marginalizada, explorada e brutalizada pela violência. Antonio Olavo afirma: “Eu vejo a autoafirmação do ser negro, ou mestiço, ou índio como um ato político, de resistência em defesa de uma identidade oprimida e explorada no Brasil. Para os que tem dúvida de sua condição, repito algo que já ouvi muitas vezes: ‘a dúvida sobre quem é negro ou quem não é, se desfaz rapidamente quando se depara com a polícia dando batida em ônibus ou numa blitz’, ou seja, numa sociedade racista, a polícia sabe distinguir o negro (aqui a polícia é negra, mas nos EUA ela é branca e também sabe distinguir o negro)”. Seguindo esse mesmo raciocínio, percebe-se também que o mestiço, o caboclo, o índio e o branco em situação de pobreza, marginalizados e perseguidos, passam a ser também “negros” e sofrem da mesma violência, posto que a situação social é de “escravidão contemporânea”, sob o jugo do neocapitalismo e do neoliberalismo, necrófilos e desumanos. No Brasil, não existe apenas o racismo como herança perversa da escravidão, existe também uma ordem social elitista e cruel que condena a população de pele mais escura, o índio e o mestiço, à pobreza e à marginalidade. Há atualmente, no Brasil, um genocídio da juventude “preta”, “índia”, “mestiça” e pobre, nas favelas e nas periferias das grandes cidades, diante da indiferença de significativa parcela da classe média “branca”, ou mestiça que se acha “branca”, ou de mestiços que se negam ser “pretos” (ou “índios” e ou “caboclos”), ou mesmo de “pretos” que se negam ser “pretos” ou “negros” (numa tentativa vã de proteger-se dos preconceitos). A maior predominância nesse genocídio é o de jovens fenotipicamente identificados como “pretos”, o que bem demonstra a dimensão da injustiça social e do preconceito reinante em nossa sociedade tão desigual e, por vezes, monstruosa.
Nesse momento histórico, afora os grupos étnicos e culturais nomeados e reconhecidos, justificam-se as novas construções identitárias e étnicas, por necessidade de exercício de cidadania, de luta política e de resistência cultural. Por reparação histórica, foram criadas as cotas para os “negros”. São justas e tardias. No entanto, quando as forças conservadoras desse País de elite neo-escravagista perseguem pessoas de cor de pele mais escura (nomeados “pretos”), devemos todos nos nomear pretos! Se perseguem índios, seremos todos índios! Se perseguem gays, seremos todos gays! Se perseguem as mulheres, todos nós seremos mulheres! Assim, nosso nome será Zumbi, Galdino Pataxó-hã-hã-hãe, Chico Brown, Ajuricaba, Amarildo Dias, Pitanga, Dandara, Lázaro Ramos, Carolina Maria de Jesus, Kelly Carolina Cadamuro, Cora Coralina, Maria da Penha e Marieta Severo. Precisamos ter a coragem de dizer não ao preconceito social, racial e de cor, à brutalidade e ao fascismo.
 *Rosemberg Cariry é cineasta, poeta e escritor.