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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Patrícia Lélis: “Somos criadas para ser frágeis”

Lembro-me com muita clareza de vários homens me dizendo “Se você não mudar, não vai se casar”. Para essa sociedade que não tem preparo para mulheres fortes, realmente não deve ser fácil aceitar que uma mulher pode ser e fazer, falar e pensar tudo o que quiser.
Por Patrícia Lélis*
Das certezas que eu tenho na vida, uma delas é que mulheres fortes, independentes e donas de si não são “apreciadas” pelos homens.
Cresci escutando que a mulher deve ser o suporte do homem, submissa. Mas será que temos que ser isso mesmo? Sempre me fiz essa pergunta. Confesso que, mesmo quando fazia parte de um ambiente cristão e conservador, eu nunca me encaixei no que era pedido ou imposto quando o assunto era relacionamento.
Tudo o que os homens esperavam de mim era que eu fosse o reflexo de uma donzela em perigo. E enxergasse o homem como um cavalheiro que veio para me salvar em um cavalo branco. Nada além de mais uma história chata e clichê.
Hoje, sei que a maioria dos homens não gosta de mulheres, mas sim de meninas. Meninas que não falam sobre o que pensam, que sempre perguntam a eles o que acham sobre isso e aquilo. Meninas que não falam palavrões, que não dançam até o chão, meninas quietinhas, meigas, com lacinhos na cabeça. Meninas que acariciem seus egos.
A sociedade patriarcal impõe o que nós mulheres “somos”: emotivas, compulsivas, dramáticas, loucas, ciumentas, chatas, frescas, frágeis! E nós, mulheres, aceitamos. Quantas vezes não mudamos nossa forma de ser para agradar “aquele cara”? Quantas vezes deixamos de falar e expressar o que sentimos para não ser rotulada de algo?
Quantas vezes não deixamos um relacionamento passar, porque é inaceitável que a mulher chegue no cara, afinal isso é um papel que só cabe a ele. E quando resolvemos ser quem somos, e não mudar por nada e nem por ninguém, logo o carinha sai correndo, inventa uma desculpa boba, some.
Homens têm medo de mulheres seguras. Mulheres que não têm medo de dizer o que sentem, o que pensam e o que querem. Mulheres que enfrentam de pé situações difíceis e permanecem fortes.
Lembro-me com muita clareza de vários homens me dizendo “Se você não mudar, não vai se casar”. Para essa sociedade que não tem preparo para mulheres fortes, realmente não deve ser fácil aceitar que uma mulher pode ser e fazer, falar e pensar tudo o que quiser.
Eu fico pensando o quanto o mundo está cheio de falsos relacionamentos. Homens que não conversam com suas companheiras por achar que não podem ser sinceros com tudo, mas acabam conversando com seus amigos ou até mesmo com outras mulheres. Mulheres que se escondem atrás de uma embalagem de Barbie, mas não tem intimidade para conversar com seu companheiro sobre suas vontades e desejos.
Queridos homens, parem de querer mulheres mudas, com jeitinho de bonecas. Não compactuem com uma sociedade que cria mulheres para ser suporte dos homens. Aprendam a amar, aceitar e apoiar mulheres fortes e independentes, que estão dispostas a juntos viver um relacionamento real, onde ambos não coloquem máscaras nos rostos ao se encontrar. Aceitem mulheres que falem sobre tudo, inclusive sobre sexo.
Contem às suas companheiras as merdas que você já fez na vida com os seus amigos, aquela festa que você bebeu todas e acordou no outro dia sem saber aonde estava. E deixem que elas façam o mesmo. Sejam amigos, companheiros.
Parem de compactuar com uma sociedade que gosta de mulheres submissas e padronizadas, e passem a escolher mulheres empoderadas. Procurem não ser o homem que vai sair nas fotos com ela do Instagram com legenda fofa para ser o homem que ela tenha a liberdade para te contar sobre tudo. Deixe que ela saiba que, com você, ela não terá apenas um namorado, mas sim um companheiro de vida.
E para você mulher, que está lendo esse texto, não queira ser a boneca de ninguém. Seja antes de qualquer coisa, você!
*Patrícia Lélis é ex-militante do PSC e acusou Marco Feliciano de abuso.

Foto: Marcha de mulheres em João Pessoa, em 2013. Foto: Arktrus2/Wikimedia Commons.
Fonte: Revista Fórum

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